Vou logo avisando, esse é grande e contém partes de ira chocantes.
Para os preguiçosos de plantão, no fim tem fotos do antes e depois.
Use com moderação.
Inspira...Expira....
To precisando de uma boa yoga.
Ok, começando pelo começo, tenho andando meio sentimental novamente. Mas isso não vem ao ponto.
O ponto é que tenho lido bastante sobre amor-próprio e auto-estima´ultimamente. Proposiltamente as pessoas e páginas que acompanho no facebook, twitter e afins são pessoas reais, que dão valor a pessoas reais, com reais problemas e tentando de uma maneira mais natural possível ser saudável e estar em forma.
Hoje pela manhã vi um post no
Go Kaleo com o
{video} que me deixou bolada. Pra quem não tá afim de ver ou não saca inglês o resumo é que a ancora do noticiario recebeu uma carta de um certo homem falando que basicamente ela era muito gorda pra aprensentar o jornal e que representava um mal exemplo pra sociedade, especialmente pra adolescentes, sendo ela obesa.
Primeira revolta. Meio óbvia.
A resposta da jornalista no video é emocionante. Fala de que não é ok insultar uma pessoa desta maneira sendo que ele não a conhece e não tem a menor ideia da sua vida. E fala também de como tem se "normalizado" esse tipo de comportamento ou discriminação por não ser parte do esteriótipo aceitável pra maioria como bom exemplo.
Gente isso é muito sério.
Pra um adulto bem-sucedido e com suporte de amigos e família pode não ser grande coisa, mas imagina isso com uma criança...Ou pior, com seu filho (a)...
Me lembrei que pouco tempo atrás numa das minhas conversas antes de dormir, com meu filho de 5 anos Joshua, eu falei pra ele o quanto ele era lindo. Todo inocente ele retrucou na hora, mas mamãe, eu nem estou com minha roupa bonita!
Gelei.
Muito verdade que eu o elogio quando ele esta com uma roupinha mais legal ou com o cabelinho arrumado. Sempre elogio tambem um bom comportamento ou quando se supera em alguma atividade, mas o que ficou na cabecinha dele é que ele so é bonito, quando esta arrumado e com roupas boas. E logo eu que luto contra meu proprio preconceito hoje e distorcao corporal por anos e anos, não percebi o que estava bem aqui debaixo do meu nariz.
Beijei, abracei, agarrei, apertei e olhei bem nos olhinhos dele falando o quanto ELE era lindo. Seus olhinhos cor de mel, sua biquinho lindo falando "mamãe", seu nariz de porrote (igual ao da mãe), suas mãos de pianista, seus pézinhos de pão, e etc...Ele ria pra se acabar.
Com isso tudo na minha cabeça fervilhando fui trabalhar e a tarde fui fazer a feira semanal. Por entre comprar e investigar os conteudos nutricionais de cada coisa na minha lista, escutei a conversa de uma mãe (brasileira) e seu filho de aproximadamente 12 anos sobre como aquele biscoito que ele queria comprar era o que estava engordando ele. Quanto mais eu escuto, mais meu sangue ferve. E la ia ela, e quantas calorias esse tem, e quanta gordura e aquele outro tambem nao presta e tudo vai deixar ele mais gordo e blablabla.
Segunda revolta. Ja tava transbordando o ódio, quando agarrei um cookie qualquer e sai de perto pra não me estressar mais, fui comendo e continuando a feira.
Que raiva. Agora de mim e da mãe psicotica. De mim, porque não pude fazer nada pra ajudar aquele menino, e ainda me empanturrei de cookie sem necessidade nenhuma. Sera que aquela criatura não percebe a BOSTA que esta fazendo na vida do seu proprio filho?
Provavelmente não. E quem sou eu tambem pra julgar o jeito dela cuidar do filho, não a conheço nem sei do histórico. Mas me tocou a situação. Vi nele como se fosse meu filho, com aquela carinha doce e jeito meigo perguntando sobre um lanche e um bully dizendo o quanto ele tava gordo e tinha que parar de comer o que mais gostava.
A influência que mães e familia no geral tem sobre a formação da criança é de extrema importancia. Isso vai ficar enraizado pra sempre na cabecinha dele e juntando com todo o preconceito que uma pessoa de sobre-peso já sofre na escola e na rua, vai se formando um ciclo de destruição da sua auto-estima e distorção de seus valores como pessoa.
>>"Quando criança eu
NUNCA escutei nenhuma mulher me dizer "eu amo meu corpo", nem minha mãe, nem minha irmã mais velha, minha melhor amiga. Nenhuma mulher nunca falou, "eu tenho orgulho do meu corpo". Então eu faço questão de falar a Mia (filha), porque uma perspectiva fisica positva tem que começar cedo." Kate Winslet.
Concordo em genero, numero e grau.
Me revolta, revolta, revoooolta demais ver o jeito que algumas crianças são tratadas pelos próprios pais, os que deveriam amar incondicionalmente sem
nenhum preconceito. Sem falar no puro exemplo porque, o que voce acha que a crianca aprende , quando tudo que vê é a mãe tentando mais uma dieta e com a auto-estima no subterrâneo, odiando seu corpo e so vendo imperfeições? Coisa boa sobre seu próprio corpo é que não...
Pra quem nunca teve problema com peso é dificil entender a cabeça de alguém obeso. É dificil lidar com alguém que pensa em comida 24 hrs e que tem uma relação afetiva com hábitos alimentares não tão saudaveis. Quebrar um ciclo de pensamentos negativos é muito, mas muito complicado.
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Meu maior peso na adolescencia |
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2003 +ou- 100kg |
Vejo meu exemplo. Sempre obesa minha vida toda, mesmo depois de ter perdido quase 40 kilos, minha cabeça ainda estava completamente estagnada na mesma imagem de obesa. Pra mim era uma surpresa entrar numa roupa da moda que sempre vi mas nunca imaginei caber em uma, não era costume me olhar no espelho e me "ver" de verdade, me sentir bem. O único relacionamento que tinha comigo era: vc ainda ta gorda, precisa emagracer 5 kilos pra chegar no seu peso ideal.
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Em 2008 meu filhote com 1 ano (115kg) e 2009(+ou-75kg) |
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2011 |
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Progresso 2010 |
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70 kg em 2011 |
Descobri um outro mundo, na verdade entrei num mundo que só conhecia por fotos dos outros e que dizia odiar só porque não pertencia. O mundo dos magros e populares, lindos e perfeitos que na verdade vivem de aparência e de mostrar uma realidade que não existe.
Entrei em paranóia pra perder os tais 5 kilos pra chegar no meu "peso ideal", tenho 1,75 e o tal ideal é 65 kg mas eu não conseguia baixar de jeito nenhum. Na verdade eu ja estava no meu limite, era academia todo dia sem exceção, 7 dias na semana e comida regrada contada cada minima caloria. Loucura. Pura loucura. Vida de balada, sem muitos objetivos, vivendo cada dia mais triste e desiludida.
O ponto que quero chegar com isso é que hoje eu vejo quão importante é o acompanhamento psicológico no emagrecimento. Geralmente quando se tem problemas com peso desde criança os traumas são muito maiores que só um número na balança.
Não existe o "ideal", existe uma média generalizada pra se ter um ponto de referência, cada um é diferente, seu peso ideal depende de genética, estrutura corporal e milhões de outros fatores. Ficar enlouquecendo pra perder aquela gordurinha é a maior tolice que já acreditei.
O que é saudável a meu ver, é achar seu meio termo, um peso que você pode manter com seu nível de atividade física e em uma dieta balanceada e nutritiva.
Ser saudável não tem nada a ver com o ideal de beleza popular. Todo mundo (principalmente mulheres) que conheço, sofrem com traumas sobre seu corpo. São lindas, deslumbrantes e as vezes as mais bonitas são as mais traumatizadas e com a menor auto-estima.
Ame-se! Se você não sabe ainda se amar, aprenda! Treine, estude, faça o que for necessário mas quebre o ciclo de odiar seu próprio corpo e se submeter a loucuras, pílulas, shakes, e rotinas extenuantes pra alcançar um objetivo ideal ilusório.
Hoje depois de um treinamento intensivo pra aprender a cozinhar as delícias mineiras pra agradar meu esposo (desculpa esfarrapada pra justificar meu relaxamento), engordei novamente. Não tanto mas engordei. Já tive altas crises mas hoje me considero mais estabilizada e tenho evoluído bastante no setor da auto-aceitação. Me conheço melhor e aprendi com meus erros. Não estou satisfeita com meus 80kg perdi meu guarda-roupa quase todo mas não vou mais entrar em paranóia pra emagrecer. Não vou mais me submeter a uma auto-flagelação sem o menor sentido.
Amo, sou amada e agradeço a Deus todos os dias por um filho lindo e saudável que meu corpo foi capaz de conceber, por ter uma saúde de ferro, por meu marido que me ama "decunforça" e por ter coragem de todos os dias de acordar e mudar minha história.
Um passinho de cada vez.
Namaste!